quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Detetive particular

Detective__s_Office_by_etwoo Naquela época do ano o pequeno cubículo ficava muito abafado, apesar de lá fora o tempo não estar tão ruim, afinal, era outono. O ventilador de teto não ajudava de forma alguma, tinha pifado alguns meses atrás, e agora fazia pouco mais do que posar como uma peça de cenário de um filme noir. Ele mesmo era uma figura que não faria feio em um desses filmes. O topete parecido com o que Elvis usara na juventude e a roupa social um pouco surrada, um pouco desleixada, provavelmente de propósito. Não era o tipo de coisa que se descartava completamente quando se conhecia melhor a sua personalidade. Pela janela entrava a luz alaranjada de um daqueles pores-de-sol que só se pode encontrar no outono, e naqueles raros dias em que o céu não está nublado. Dos livros que deixava ali no escritório quase todos eram policiais, achava que eles o ajudavam a entrar no clima. Mas nos últimos tempos havia pouco clima no qual entrar fora dos livros. Se metera naquela profissão por influência do velho, seu avô, que fora um dos grandes detetives particulares no tempo em que isso ainda significava glamour e uma boa dose de casos sérios. Herdara tudo que tinha do velho, até mesmo aquele escritório era o mesmo,  nem sequer se dera ao trabalho de mudar o sobrenome na vidraça depois que ele morrera. Pensou em ligar o rádio, mas era dos antigos, apenas pegava as estações, e nada que tocasse nas estações realmente o agradava nos últimos tempos, seu avô dissera que aconteceu o mesmo com ele quando, nos anos 60, sempre que ligava o aparelho ouvia um britânico gritando alguma coisa que deveria ser música do outro lado do atlântico. Quando ele veio morar com o velho, nos anos noventa, a situação ainda parecia ser a mesma.
Sendo assim é possível imaginar a surpresa dele quando a porta se abriu. Não tinha uma secretária desde que a que era empregada pelo avô se aposentara, alguns anos antes. De fato, ele não sabia exatamente o que fazer quando a jovem de cabelos loiros entrou no escritório, só pode imaginar que se tratava de um engano, ela deveria ter aberto a porta errada, apesar do anúncio na vidraça, no mesmo prédio existiam várias outras salas que serviam de escritórios para advogados, profissionais duvidosos e até mesmo um consultório de dentista. Ela parecia ter um sorriso perfeito, não deveria ser para o dentista. Se olharam nos olhos por alguns segundos, o reflexo do sol impedia que ele discernisse com exatidão a cor dos olhos dela, simplesmente sabia que eram claros. Era bonita, como as mulheres que vinham procurar seu avô nos tempos áureos da profissão. Ele nunca realmente acreditara nas histórias que o velho contava sobre as mulheres estonteantes que lhe traziam casos fascinantes, mas agora começava a achar que não era assim tão impossível.
No dia seguinte lá estava ele no pequeno restaurante de comida japonesa, numa praça bem agradável, comendo um donburi. No seu intimo sabia que os restaurantes haviam escolhido esse nome para não batizar o prato de Gyudon deliberadamente. Embora fossem a mesma coisa, com esse nome podiam enganar mais pessoas. O gosto não era dos melhores, era basicamente comida japonesa para quem não tinha dinheiro para comprar nada melhor. Mas ele não podia reclamar, era bem barato, e se tudo desse certo, comeria bem melhor depois de resolver esse caso.
No momento em que pôs os olhos nela soube que era a pessoa que estava procurando. Tinha semelhanças visíveis com a irmã. Os cabelos eram tanto mais longos e era um pouco mais magra. Era fácil perceber que era a mais nova. Os olhos eram azuis – será que os da mais velha também o eram? – límpidos como um lago do norte, um lago raso. Nisso viu uma diferença, os da outra eram profundos, fáceis de se afogar. Mas aqueles olhos rasos não a tornavam menos interessante, era como se a sua alma estivesse despida, sem medo. Outra coisa lhe chamou a atenção. Nas costas a moça carregava um instrumento musical. O estojo era pequeno demais para ser um contrabaixo acústico – ele tinha até mesmo dúvidas se aquela pequena criatura conseguiria carregar um – então provavelmente era um violoncelo. Ele estava tão absorto em analisa-la que deixou de lado uma das coisas essenciais quando um detetive está fazendo uma observação – uma campana – ele deixo que ela percebesse o que ele estava fazendo. Quando ela sorriu para ele não teve outra reação se não retribuir. Mas a expressão dela mudou, como se uma interrogação passasse por sua face. Ela se dirigiu até ele, e ele tentou pensar no que dizer quando ela chegasse. Ela puxou uma cadeira e se sentou. Ele não havia conseguido pensar em nada.
***
Eu não costumo dar muito valor a datas comemorativas, mas tenho que admitir que essa época do ano é importante para mim. Pode parecer meio que um clichê, mas é um tempo bom para refletir sobre o que esse ano significou para mim, o que eu aprendi e coisas do tipo. Isso fica bem claro se você considerar que sempre nos fins de ano gravo Cds para as pessoas que considerei mais importantes para mim naquele ano. O valor que relaciono a essa época não esta relacionado ao natal ou mesmo ao ano novo, mas sim ao fim do ano em si, por isso costuma começar lá pela metade de novembro e acabar em algum momento das férias no qual esteja distraído demais com leituras divertidas e coisas do gênero para me preocupar com repensar as lições que aprendi. Acho que a lição mais importante que levo desse ano se relaciona a pessoas, mas não posso dizer com certeza que foi um aprendizado completamente positivo, em parte foi, sem dúvida, mas acho que acabei exagerando um pouco demais, como é do meu feitio, vocês bem devem saber. Até o começo desse ano eu era muito dependente de pessoas, na forma mais geral possível do termo. Era com elas que eu aprendia tudo, e com elas eu me divertia. Posso dizer sem muito risco que grande parte do meu dia-a-dia dependia de outras pessoas, até mesmo da aceitação delas, especialmente daquelas com as quais eu simpatizava. Eu valorizava aquilo que os outros iriam pensar muito mais do que aquilo que eu pensava. Isso me causava problemas, e desconforto, insatisfação. Alguns anos antes haviam me dito que eu não ligava para o sentimento das pessoas, o que até podia ser verdade, mas eu gostava das pessoas, como entidade abstrata que representa a humanidade pelo menos, então passei de um extremo para o outro.
Mas aí a situação fica curiosa. Apesar de tudo eu em momento nenhum deixara de ter pensamentos próprios, uma visão de mundo pessoal, já que, como muitos de vocês devem saber, eu acho que todos temos a capacidade de pensar por si mesmo, criar coisas pessoais. Pode parecer um pouco contraditório, mas não é tanto assim, muitas pessoas fazem isso. Mas acho que conforme fui, nesse ano, sendo obrigado a explicar muitas coisas nas quais acredito, desenvolveu-se em paralelo um processo no qual o carinho que tinha pelas pessoas foi diminuindo. Mesmo hoje não penso que eu sou o dono da verdade e que todas as outras pessoas estão erradas, até porque a minha filosofia de vida se baseia na crença de que eu estou fundamentalmente errado, buscando coisas impossíveis, mas que valem a pena ser buscadas, mas isso fica para outra oportunidade. Mas, ainda assim foi aumentando em mim a sensação de que todas as pessoas tem um potencial incrível para a idiotice, e para me deixar desconfortável. Recentemente, ao conversar com amigos muito queridos senti esse desconforto, e isso me alarmou bastante. Não sinto remorso algum ao constatar que uma boa quantidade de pessoas simplesmente não me faz bem, não vale o meu tempo nem o meu esforço para construir uma amizade, mas é um tanto doloroso que aquelas com as quais a amizade já está fortemente consolidada sofram com respingos de antipatia direcionados a outras pessoas. É nesse ponto que entra o tal “contrato social” que um amigo(?) gosta tanto de citar. Eu não nego a existência desse “pacto” mas para mim a natureza dele é completamente diferente da que parece ser para ele. Esse “contrato”, na minha concepção, divide as pessoas em dois grupos: aqueles que “valem a pena”, com os quais é possível se formar uma amizade verdadeira e, por isso, deve tornar as pessoas mais próximas, afinal, se sou amigo de alguém posso falar com essa pessoa sobre o que bem entender, de forma franca e leve; e as pessoas que “não valem a pena”, e essas são aquelas quais, pelo menos atualmente, eu pouco me importo com o que pensam de mim, e sem dúvida é a grande maioria das pessoas com as quais eu convivo, para com essas pessoas pouca diferença fazem os excessos de cuidado. Eu não estou dizendo que seja impossível que uma pessoa “fora do contrato” entre nele ou que aconteça o contrário, e muito menos que algumas pessoas devem ser tratadas mal, mas simplesmente que nos preocupar demais com o que as pessoas acham de nós costuma não ser algo muito bom, o que nos leva de volta às reflexões de fim de ano. Se durante um ano se vai de um extremo a outro é sinal de que alguma coisa está errada, é exatamente o tempo para repensar as nossa atitudes durante o ano –e tentar encontrar um ponto de equilíbrio - que essa época nos oferece.
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Você é minha droga. Fico inquieto quando estou em abstinência. Espero por algum sinal – qualquer sinal – enquanto leio páginas e mais páginas de livros, sem realmente prestar atenção nas palavras. Você me transformou, me viciou. Não, não, estou mentindo, já era viciado muito antes, viciado em outras pessoas, outros prazeres. Agora minha santidade me surpreende, minha pureza se conserva em meus olhos vermelhos, enquanto espero através das madrugadas uma visita, algumas poucas palavras. Meu caso, no entanto, nunca antes foi tão grave. Agora me vejo vítima de horas e horas de tédio todos os dias. Minha consideração pela humanidade se resume à minha consideração por você. Preciso de você. Mas meus apelos não fazem diferença, não importa o quanto eu peça, sei que seu espírito não me pertence, sei que não sou eu quem vai definir quando você vai me responder e como será essa resposta. Já esperei por muito tempo, nada me impede de esperar mais, de encontrar outras pessoas, pessoas que jamais vão me saciar, a não ser que ajam exatamente como você. Seria necessário muito tempo para explicar, e sem dúvida você sabe como consigo fazer com que minhas palavras percam o sentido quanto mais eu falo. Você me lê, isso me faz depender de você.
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Que bom que outras pessoas finalmente estão postando no blog! Espero que nessas férias o movimento aqui pelo Irid’s aumente. E aproveito para desejar a todos um Feliz Natal!

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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quebrando o monopólio Emannoelístico

Ia postar um texto mais sério que eu tenho escrito em doses homeopáticas sobre direitos humanos, mas sai dessa brisa, Roger.


Tô aproveitando o ensejo das férias para assistir a filmes do bem e ler livros sem teor acadêmico como a maior parte dos RIanos, acredito, porque Deus nos livre. E como alguns dos primeiros são bons o suficiente para eu indicar, ia ser segregacionista e enviar e-mails a alguns t-nonos seletos falando sobre eles; mas depois pensei: por que não escrever no iRIdescentes, que tem/tinha um público maior, e de quebra interromper o monopólio de Emanno for the sake of it? Talvez esses filmes não sejam novidade para vocês como foram para mim, que moro numa cidade onde as coisas não acontecem, mas fica a dica.

Engraçado como os filmes que tenho assistido têm uma relação estreita com música, uns mais, outros menos, e tratam de gente perdida, que não sabe qual rumo tomar na vida – RIanos nem se identificam... Entre os que eu assisti recentemente, dos que gostei mais foram ‘A Partida’ e ‘Apenas Uma Vez’.

O primeiro é japonês e ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008:



O seu enredo tinha um grande potencial para fazer dele uma novela mexicana, afinal o personagem principal foi abandonado pelo pai e lida constantemente com a morte, presenciando velórios sucessivos; mas alguns momentos cômicos pontuais que permeiam o filme, aliados ao drama de fácil identificação das personagens, extremamente envolventes, tornam-no de certa forma “leve” e cativante. No início da trama, o desafortunado protagonista se vê sem um norte: a orquestra da qual fazia parte tocando violoncelo é dissolvida e ele, obrigado a procurar uma outra atividade que traga sentido à sua vida - sentido esse que até então, descobriu depois, nunca houve. Uma reviravolta se dá com o personagem voltando às suas origens, à maior simplicidade da vida no interior do Japão, onde sua mãe havia lhe deixado uma casa como herança e local em que ele passou a realizar uma atividade a princípio recriminada como indigna pelo seu entorno e até por ele mesmo.
Incrível como tudo nesse filme é bonito e comovente e me faz ter orgulho de ter, em parte, ascendência japonesa. Difícil não se deixar tocar pelo ofício nele exposto, que não vou detalhar aqui, e pelo drama familiar entre as personagens, sobretudo aquele concernente ao protagonista e o seu pai, um inexplicável. Se você não ficar com os olhos marejados durante a cena final, a do reencontro, você tem uma pedra áspera no lugar do coração – ou não entendeu o que aconteceu.

O outro filme, ‘Apenas Uma Vez’, passa-se em Dublin, Irlanda, e trata de uma relação de amizade entre um talentoso músico de rua, que havia sido abandonado por sua namorada, e uma imigrante de origem tcheca, também amante de música, tentando ganhar a vida e o sustento de sua família na cidade. A sinopse que eu havia lido sobre esse filme era enganadora: dava a entender que se tratava de uma “romance” açucarado – tipo que não faz o meu gosto, de verdade. Mas como envolvia música e um assunto de caráter internacionalista, acabei dando uma chance a ele – e não me arrependendo no final.



O filme expressa muito bem o poder agregador da música, de como a sua linguagem universal tem a capacidade de unir as pessoas. Um tesão ver o protagonista indicando os acordes a serem tocados de uma canção escrita por ele em que a outra personagem acompanha tocando piano e fazendo a segunda voz, tudo isso numa loja de instrumentos musicais; o resultado dessa química natural existente entre os dois, que é a música “Falling Slowly” (que rendeu um Oscar), é surpreendente. O resto do filme mostra o drama desses personagens, de como ele se acomodou após o abandono pela namorada e de como a amizade da protagonista, conquistada através da música, foi importante na superação dessa fase na vida dele; a expectativa de uma possível relação amorosa entre os amigos e o processo de criação musical.

Acho que não preciso falar que a trilha sonora de cada um dos filmes mencionados é sensacional.
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Descobri essa música por acaso na net, ignorem a montagem tosca. Richard Thompson cantando com seu filho, Teddy Thompson, “Persuasion”:


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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Don't give up love tonight

Não, eu não sou assim, sei muito bem o que eu quero dela, e o que quero envolve muitos beijos, uma boa dose de gemidos e alguns suspiros.
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De fato, eu não sou o tipo de pessoa que os outros gostam. Nem sequer tento ser esse tipo de pessoa. Cresci sendo chato e me acostumei bastante bem com isso nos últimos tempos. Muitas das pessoas que me cercam hoje tem dificuldades para lidar com a minha sinceridade, que conservo sem realmente ligar para "contratos sociais" ou para o quão ofendido alguém pode ficar por conta das minhas observações. Essas mesmas pessoas costumam ter problemas com o meu humor, na verdade, nesse caso, não as culpo. Meu humor é uma coisa bem curiosa, que muitas vezes não pode ser entendida, e não consigo explicar sem ficar com a sensação que só devo ter tornado as coisas ainda mais incompreensiveis. Você precisa de um bom tempo convivendo perto de mim para finalmente começar a entender minhas piadas. Mas a maioria não fica por perto por tanto tempo. Não que eu seja anti-social, de forma alguma, a maioria das pessoas até pode gostar de mim inicialmente, mas acho que rapidamente elas ficam ofendidas com alguma pequena besteira que falei, ou por que tentei ser (falsamente) solícito, ou por acharem que é só mais bobagem quando na verdade estou falando algo sério. 
Mais recentemente, porém, descobri outro "problema". Minhas crenças pessoais. Eu reconheço que pode até ser feio ou exagerado da minha parte, mas não consigo ver com bons olhos aquelas pessoas que não pensam por si mesmas nem mesmo nas pequenas coisas. Não que seja errado acreditar naquilo que outros já falaram, mas seguir cegamente algo só por que alguém que você admira falou que as coisas funcionam assim é burrice. Uma burrice tão grande quanto achar que as pessoas não podem ter ideias originais e boas, ninguém precisa fundamentar suas crenças em coisa alguma, não é só por que nenhum filósofo grego está na base da sua filosofia de vida que isso a torna pior que qualquer outra. E tentar humilhar ou denegrir uma filosofia pessoal deveria ser visto como uma ofensa tão grave quanto qualquer tipo de preconceito. E isso por que nem comecei a falar de fé.
Mesmo que todas essas barreiras sejam transpostas aparece mais uma: Eu simplesmente não sou uma pessoa de convívio fácil. Posso ter conversas metafísicas por horas, mas pouca coisa além disso e de algumas bem mais curtas sobre coisas das quais gosto. O resto do tempo é de uma falta de habilidade expressiva para lidar com pessoas reais, talvez por isso a fuga para personagens ficcionais. Talvez por isso tento conhecer o máximo das pessoas com algumas poucas trocas de olhares e palavras, tento chegar ao mais fundo de suas almas antes que elas se tornem inacessíveis para mim, talvez por isso me apaixone pelos pequenos detalhes de suas personalidades; simplesmente para transformar essas pessoas em música e em personagens. Mas chega de desabafos por hoje.
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- Sabe, eu não acredito em nada disso. Essas coisas nunca acabam bem, não existe isso de final feliz.
Por mais que eu soubesse que ela não acreditava em finais felizes aquilo me surpreendeu um pouco, talvez por que para mim aquilo era algo duro demais para se dizer, eu nunca perdera a esperança de que por mais complicado que fossem as coisas iam dar certo no final.
Eu vivia recebendo meus amigos em casa, era quase como Friends, eles iam e vinham sempre, e eu sempre tinha um bule de café esperando por eles. Não era raro que todos nós oito nos encontrassemos ali na minha casa, as portas estavam sempre abertas, mas hoje éramos só eu e ela. Os outros chegariam mais tarde, sem dúvida, afinal ela viera muito cedo, me fez levantar da cama. e também não era a primeira vez que acontecia, embora fosse a primeira vez com ela. Eu sempre me dispunha a ouvir o que eles tinham para dizer, e sempre que vinham cedo como ela estava fazendo era por que tinham algo importante para desabafar. 
Ela era uma das minhas amigas mais estáveis, nunca imaginaria que um dia ela também iria precisar de uma xícara de café assim tão cedo. Mas o problema não era com ela mesma, mas sim com uma amiga em comum, uma das que certamente passariam pela minha casa mais tarde naquele dia. Elas eram muito próximas e a que estava aqui agora se preocupava que a outra iria se machucar.
- Talvez você esteja certa, talvez não dê para conseguir um final feliz, mas também não vale a pena se preocupar com isso, você é uma daquelas pessoas que adora aproveitar o momento, talvez ela se machuque, mas não somos nós que devemos querer mudar o que ela pensa, como ela age. Se for pra sofrer, que sofra, nós dois sabemos que as vezes isso é necessário, que as vezes um sorriso e cinco minutos de liberdade fazem com que tudo valha a pena. Por que começar a se preocupar com isso agora?
- Talvez estejamos ficando velhos demais pra essas coisas, talvez esteja chegando a hora de nos acalmarmos.
Depois dessa nós dois rimos, sabiamos que aquilo era uma mentira, pelo menos parcial, que nunca nos aquietariamos, mas no fim das contas aquela conversa não mudou nada na vida de ninguém.
***
Maybe I wasn't right
N' things might not be good
But I won't give up love tonight
Don't be rude as I try to be nice
Don't try to lose
While I try hard to find
Love for more than a night
Please love me madly
'Coz I want you badly
And I won't give up love tonight
Don't you give up love tonight

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