Ia postar um texto mais sério que eu tenho escrito em doses homeopáticas sobre direitos humanos, mas sai dessa brisa, Roger.
Tô aproveitando o ensejo das férias para assistir a filmes do bem e ler livros sem teor acadêmico como a maior parte dos RIanos, acredito, porque Deus nos livre. E como alguns dos primeiros são bons o suficiente para eu indicar, ia ser segregacionista e enviar e-mails a alguns t-nonos seletos falando sobre eles; mas depois pensei: por que não escrever no iRIdescentes, que tem/tinha um público maior, e de quebra interromper o monopólio de Emanno for the sake of it? Talvez esses filmes não sejam novidade para vocês como foram para mim, que moro numa cidade onde as coisas não acontecem, mas fica a dica.
Engraçado como os filmes que tenho assistido têm uma relação estreita com música, uns mais, outros menos, e tratam de gente perdida, que não sabe qual rumo tomar na vida – RIanos nem se identificam... Entre os que eu assisti recentemente, dos que gostei mais foram ‘A Partida’ e ‘Apenas Uma Vez’.
O primeiro é japonês e ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008:
O seu enredo tinha um grande potencial para fazer dele uma novela mexicana, afinal o personagem principal foi abandonado pelo pai e lida constantemente com a morte, presenciando velórios sucessivos; mas alguns momentos cômicos pontuais que permeiam o filme, aliados ao drama de fácil identificação das personagens, extremamente envolventes, tornam-no de certa forma “leve” e cativante. No início da trama, o desafortunado protagonista se vê sem um norte: a orquestra da qual fazia parte tocando violoncelo é dissolvida e ele, obrigado a procurar uma outra atividade que traga sentido à sua vida - sentido esse que até então, descobriu depois, nunca houve. Uma reviravolta se dá com o personagem voltando às suas origens, à maior simplicidade da vida no interior do Japão, onde sua mãe havia lhe deixado uma casa como herança e local em que ele passou a realizar uma atividade a princípio recriminada como indigna pelo seu entorno e até por ele mesmo.
Incrível como tudo nesse filme é bonito e comovente e me faz ter orgulho de ter, em parte, ascendência japonesa. Difícil não se deixar tocar pelo ofício nele exposto, que não vou detalhar aqui, e pelo drama familiar entre as personagens, sobretudo aquele concernente ao protagonista e o seu pai, um inexplicável. Se você não ficar com os olhos marejados durante a cena final, a do reencontro, você tem uma pedra áspera no lugar do coração – ou não entendeu o que aconteceu.
O outro filme, ‘Apenas Uma Vez’, passa-se em Dublin, Irlanda, e trata de uma relação de amizade entre um talentoso músico de rua, que havia sido abandonado por sua namorada, e uma imigrante de origem tcheca, também amante de música, tentando ganhar a vida e o sustento de sua família na cidade. A sinopse que eu havia lido sobre esse filme era enganadora: dava a entender que se tratava de uma “romance” açucarado – tipo que não faz o meu gosto, de verdade. Mas como envolvia música e um assunto de caráter internacionalista, acabei dando uma chance a ele – e não me arrependendo no final.
O filme expressa muito bem o poder agregador da música, de como a sua linguagem universal tem a capacidade de unir as pessoas. Um tesão ver o protagonista indicando os acordes a serem tocados de uma canção escrita por ele em que a outra personagem acompanha tocando piano e fazendo a segunda voz, tudo isso numa loja de instrumentos musicais; o resultado dessa química natural existente entre os dois, que é a música “Falling Slowly” (que rendeu um Oscar), é surpreendente. O resto do filme mostra o drama desses personagens, de como ele se acomodou após o abandono pela namorada e de como a amizade da protagonista, conquistada através da música, foi importante na superação dessa fase na vida dele; a expectativa de uma possível relação amorosa entre os amigos e o processo de criação musical.
Acho que não preciso falar que a trilha sonora de cada um dos filmes mencionados é sensacional.
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Descobri essa música por acaso na net, ignorem a montagem tosca. Richard Thompson cantando com seu filho, Teddy Thompson, “Persuasion”:
Finalmente alguem para postar aqui! Pelo menos nas férias né pessoal?
ResponderExcluirOnce é incrivel, vc tem que escutar os discos da dupla do filme com a banda deles a "The Swell Season", recomendo o "strict joy", muito bom.
Agora que vc postou uma coisa se pá me animo a escrever, esses últimos dias estavam com uma crise criativa horrível heheh
Se cuida Roger.
Roger!
ResponderExcluirHahah... cara, essa tirinha do Calvin é a mais genial que eu já vi em muito tempo! Descreveu o planeta acadêmico (exceto as exceções) utilizando a sua antítese: a concisão e a criatividade :)
Nessas férias eu estou planejando ver uns filmes... e agora parece que já tenho dois para começar. Senti firmeza na sua indicação. O 'mood' do seu post me convenceu!
Um natal de muita paz,
R.
Como o site fez questão de abstrair meu primeiro comentário, vou tentar escrever outro, retomando a ideia principal. Parabéns pelo bom-senso na escolha do tema, Dear Roger! Foi felicíssimo! Sua crítica veio em ótima hora. Estou à caça de bons filmes agora! Era só disso que precisava.... alguma história sobre a música e seu poder agregador cósmico, rsrs. Se você fez justiça eu não sei, mas ganhou a telespectadora! Obrigada por propagandear o blog, também. Temos que agitar isso aqui! Um ótimo fim de ano!!
ResponderExcluirAi que orgulhinho maternal me inspirais, Rogercito! Perdao nao ter comentado antes, várias vezes em Minas tentei carregar em lombo de jegues esses videos e nada... (Verdadesejadita, me meteram um "Este video incluye contenido de Sony y no está disponible en tu país" na cara agora, pro segundo vídeo, pero bueno...)
ResponderExcluirMais posts assim, por favor! Aliás, você deveria ter uma coluna no blog pra semanalmente recomendar filmes e músicas e açougues bons e baratos...
Faalando em jegue, por onde andará essa RIanada toda, hein?
saludos cordobeses