sábado, 20 de agosto de 2011

Try Again Tomorrow.

Você tenta mudar, mas não é fácil. Não dá para mudar aquilo que você é do dia para a noite, ou da noite para o dia. Você pode tomar decisões, você pode até mesmo tentar mudar algumas coisas fundamentais, pode deixar de se importar com as coisas que fingia se importar antes, pode simplesmente não olhar na cara daquelas pessoas que você não consegue mais suportar. Mas esse tipo de coisa não é suficiente, não vai te livrar de coisa alguma. Na verdade, nada vai te livrar do desconforto para o qual a vida vai sempre te empurrar. Mas as perspectivas para além da vida só são melhores se você for muito otimista. E, convenhamos, você não é, não precisa mentir para mim.

thats-life-z4zpsm3pb-85207-430-602A única chance que você pode ter de fazer isso com sucesso – e mesmo assim apenas por algum tempo – é deixando tudo para trás. Mas isso é fácil de imaginar, você já devia ter pensado nisso mesmo antes que eu falasse. Mas também é impossível olhar ao seu redor e não querer continuar se apegando a ao menos alguma coisa; pode ser um amigo, um lugar, uma mania. Ninguém realmente quer se livrar de tudo, mas algumas vezes parece ser mais vantajoso deixar de lado algumas coisas boas quando as ruins são consideravelmente mais significativas. Mas isso não é fácil, a perspectiva de deixar de lado todas as pequenas coisas que ainda te dão prazer para substituí-las por incertezas não é das melhores. Você sabe que a tentação para voltar atrás vai ser grande, e que a única forma que existe de não ter como voltar atrás é muito definitiva, e nem um pouco segura. Então por que não optar pelo caminho mais simples e ir mudando aos poucos, não é mesmo? Só que essas mudanças lentas nunca são mudanças de verdade; quando você começar a ignorar as coisas que merecem ser ignoradas, quando começar a fazer as coisas que sempre quis fazer, vai ter que se preocupar em encaixar o horário da sua vida anterior, vai tentar ser educado quando perguntarem o por que você está tão diferente, por que não anda mais com algumas pessoas, por que sempre que tem tempo livre se afunda num livro qualquer sem a menor pausa para jogar conversa fora. E você não vai dizer que é porque despreza as pessoas ao seu redor, que as conversas que tinha com elas não te dizem nada e que preferia não estar ali, mas que não largou aquilo por um pequeno detalhe que não importa o quão bem você consiga explicar, ninguém nunca vai conseguir entender.

Mas, é claro, existe a possibilidade de você ser um verdadeiro espirito livre e deixar completamente de lado essas malditas convenções sociais. Isso vai fazer com que se sinta melhor, funciona para mim. Mas não importa. A sensação de vazio vai voltar; você vai voltar a perceber que nada daquilo tem significado para você, exceto um ou outro pequeno detalhe. E você vai tentar de novo, e se enganar de novo. Mas essa é a vida, as pessoas não são peças de um quebra-cabeças, as coisas não vão melhorar em algum momento, não vão surgir significados, paixões novas não vão curar as feridas antigas, aquelas três coisinhas que são tudo para você não vão te salvar. Ignorância e inocência vão te proteger, mas não vão mudar o mundo, e, depois de perdidas nunca podem ser recuperadas.

Viver deve ser aprender lidar, sem nunca conseguir, sem nunca se resignar, pois resignação é morte, e a morte não é nada se não a continuidade eterna daquilo do que por uma vida inteira você tentou fugir. E morrendo você não pode dizer nem mesmo que foi teimoso o suficiente para continuar tentando aprender até conseguir.

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