segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Feijoada Búlgara (Ou quatro textos e um link)

Acordou pela terceira vez na mesma noite.
Os sonhos não atrapalham, mas são difíceis,
As vezes nos fazem querer desistir de dormir,
As vezes não temos motivos pra insistir,
Tentar voltar para um sonho que já foi
Só porque parecia real, talvez até mais
Que as coisas que quando dormimos
Tentamos deixar para trás.
***

Antes de vir para São Paulo ouvir Radiohead sempre foi uma experiência estranha para mim. Talvez eu já tenha escrito isso antes em algum lugar, ou talvez já tenha comentado isso com alguém, o tema me parece familiar, mas hoje definitivamente tenho de escrever sobre ele. Por quê? Bem, posso começar dizendo que normalmente só escuto Radiohead quando até mesmo Joy Division está me parecendo uma banda feliz demais, não me pergunte o motivo disso, mas me parece mais apropriado, assim como Maroon 5 é eficaz para quando sua vida amorosa vai à sarjeta – o que me dá bastante medo de dizer, afinal o Last.FM constatou que essa é a banda que mais escuto. Mas, hoje, ou melhor, nos últimos dias, me veio uma vontadezinha de escutar Thom Yorke e companhia mesmo estando muito bem, obrigado. Na verdade, desde que cheguei aqui em São Paulo Radiohead ganhou uma nova profundidade para mim, não faz muito sentido escutar a música deles em uma cidadezinha quente e ensolarada no meio do nada, o mundo parece muito afável para te permitir ouvir Radiohead do jeito certo. É claro que lá eu já podia fazer isso, e já gostava de muitas músicas da banda, como Creep, Stop Whispering e There There; mas quando chega um dia nublado numa cidade grande, com o frio tentando entrar em você por baixo das suas unhas, uma nova dimensão se abre para você, seja ouvindo no seu mp3 enquanto se apóia no alumínio gelado do metrô, que aparente mente esvazia para que você possa ouvir All I Need, ou quando você chega em casa depois de um dia cansativo, coloca o OK Computer para tocar e deita na cama, pensando na vida. Só nessas situações é realmente possível entender o que eles querem te dizer não só com aquelas letras incongruentes com um dia de Sol na beira do rio, mas também com aqueles sons tão alienígenas que você pensava que nunca iria escutar até chegar em algum ponto da Avenida Paulista e dar uma de August Rush. Se já me chamaram de whining quando falei do Morrissey, imagina o que vão falar agora, mas isso não vai tirar da minha cabeça aquela voz estranha cantando: Anyoooone caaan plaaay guitaaaaaarrrr!!!
***
Esse Blog está muito parado. Difícil imaginar que quando estávamos planejando como escrever isso em grupo, criando algumas normas de boa convivência chegamos a pensar que seria tão prolífico a ponto de restringirmos o número de posts diários e coisas do gênero. Temos muitas pessoas dispostas a falar muitas coisas, mas elas parecem não ter se interessando, parecem ter se decepcionado com o formato do Blog ou algo assim. Talvez estejam com muitas coisas pra fazer ou tenham esquecido o Iridescentes, difícil dizer, provavelmente só continuo aqui porque é difícil impedir que meus dedos fiquem apertando os tipos do teclado.
Ou Talvez as pessoas só sejam mais vazias do que eu imaginava, talvez não tenham nada para dizer, e não queiram nem mesmo ler. Pretty unlikely, but still. Por isso proponho-me aqui a algo ousado. O blog está moribundo, então irei matando-o aos poucos, com posts como esse. Se não quiserem isso, escrevam, me impeçam. Começo quebrando a regra dos dois posts por dia. O último que publiquei foi pouco após desse dia começar, meia-noite e pouquinho, espero publicar esse antes que a nova meia noite passe.
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Pode ter sido apenas um “oi!”, é bem verdade, mas, pelos poucos segundos que nossos olhos se fixaram uns nos outros, posso afirmar que o fizeram de uma forma que nunca havia imaginado que fosse possível, de uma forma que nunca acreditei que fosse conseguir fitar aqueles olhos. Agora não saem da minha cabeça. Como vou poder não tremer da próxima vez que for cumprimentá-los? Como vou poder não me perder da próxima vez que entabulemos uma conversa casual, tão casual quanto a última? Onde estarão minha ancora e meu colete salva-vidas?
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Deixo com vocês um link para um dos meus poemas preferidos, precisam vê-lo recitado no filme “Four weddings and a funeral”: http://www.davidpbrown.co.uk/poetry/wystan-hugh-auden.html

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