Foi disputado, em três dias, o jogo mais longo da história do tênis. Ele ocorreu no torneio de Wimbledon, no qual não há tie break- o último set teve parciais assombrosas de 70-68. Foram necessárias 11h05, divididas em três dias, para que o jogo acabasse. O confronto teve início na terça-feira e teve de ser paralisado por duas vezes devido à falta de luz natural. Apesar disso, pouca gente fala de tênis. As atenções mundiais, assim como há 4 anos, estão totalmente voltadas para o futebol- qual a magia, então, do futebol? O que move tanta gente em torno de tal esporte? Desde 1930, sem contar 1942 e 1946 quando a Segunda Guerra Mundial impediu sua realização, a Copa do Mundo de Futebol ocorre, a cada 4 anos e durante cerca de um mês, e atrai a atenção do mundo inteiro. Nações inteiras torcendo, sofrendo, chorando ou festejando. Paixão, amor, raça, dor, tristeza e alegria, tudo se mistura quando o assunto é futebol. Como explicar, porém, a magia do esporte, que para alguns não passa de 20 homens correndo atrás de uma bola? Então lhes pergunto, para ficarmos apenas nas Copas do Mundo, como explicar uma seleção mixuruca, como a dos EUA, conquistar um terceiro lugar na primeira Copa- a de 1930? Como explicar a Itália bicampeã com apenas 3 torneios disputados (campeã em 1934 e 1938)? Como explicar a vitória uruguaia em pleno Maracanã, diante de cerca de 200 mil pessoas (sim, naquela época as chamadas “gerais” proporcionavam um espaço muito maior, junto de um desconforto também sem precedentes), na Copa de 1950? Como explicar a Copa de 1954 como um todo, quando o genial Puskas e a seleção húngara- invictos há mais de 4 anos, ou 29 jogos, como preferirem- perdendo a final para a Alemanha (um tanto quanto insossa, na época), time do qual já haviam ganho, na mesma Copa, por 8 a 3? Como explicar Pelé e Garrincha, que juntos, pela seleção, não perderam um jogo sequer? Como explicar a seleção do tri, de 1970, considerada por muitos, até hoje, a melhor seleção campeã de uma Copa do Mundo? Como explicar Cruyff e a “Laranja Mecânica” serem derrotados em 1974? Como explicar o Brasil mágico de 1982, que junto com a Holanda de 1974 e a Hungria de 1954, figura como um dos maiores enigmas das Copas, por não terem sido campeãs? Como explicar, em 1986, um gol de mão dando o título para a Argentina? Como explicar uma seleção chata e sem graça, como a de 1994, acabar campeã? Como explicar a França, campeã em 1998, vexatória em 2002, vice em 2006, vexatória² em 2010? Como explicar o mago Zidane, expulso na final de 2006, levando, consigo, as chances de a França conseguir o título? Como explicar os atuais campeões e vice-campeões eliminados na primeira fase e em último lugar de seus respectivos grupos? Como explicar os guerreiros sul-africanos, que após tanto lutarem, acabaram como a primeira anfitriã a não passar para a segunda fase? Como explicar a Eslovênia, que entrou no vestiário classificada e, quando seus jogadores saíram do banho, descobriram que os EUA marcaram um gol aos 46 do segundo tempo? Como explicar Messi? Como explicar a Itália, que por alguns segundos vê-se classificada, mas logo após nota o bandeirinha erguendo a bandeira? Como explicar uma frágil bandeira chilena, rasgada, retirada dos escombros do terremoto, entregue para seus jogadores, representando a esperança de toda uma nação devastada pelo destino? Não dá para explicar. E, se me perguntarem: qual a magia do futebol? Creio que a única resposta cabível seja: não dá para explicar.
Gaga, seus posts são mágicos! Meus preferidos, sem a menor sombra de dúvida! Muito bom! Nem sou fã de fetebol mas vc conseguiu me informar e prender muito a minha atenção, parabéns cara!
ResponderExcluirOlha o Emannuel demonstrando preferências... =P
ResponderExcluirUma coisa que eu achei engraçado nessa Copa foi que eu sou o primeiro a achar nacionalismo de qualquer espécie bobeira; não via um jogo de futebol há anos; não conhecia o nome de praticamente nenhum jogador; e nos primeiros meses do ano me irritava com a expectativa do povo, e já esperava desconsolado a chuva de verde-amarelo e a completa dominação das matérias jornalísticas pela Copa em junho.
Mas foi só chegar dia 11 último e me envolvi de maneira que ando julgando desempenhos de jogadores de países obscuros e cheguei a ficar sentado 90 minutos esperando um golzinho da África do Sul. Vibro, me divirto e (o que anda sendo academicamente perigoso) me distraio. Inesperadíssimo. Só pode ser mágica, de fato.
Infelizmente nem mesmo essa copa conseguiu ter esse efeito todo sobre mim, talvez porque não tenha dado uma chance pra ela de verdade mas ainda assim... Não consegui entrar no espirito de copa, e principalmente não no de patriotismo, se for ver o único jogo que vi inteiro até agora foi o segundo do Brasil mas por motivos situacionais. Não posso negar que me empolguei um pouco, bufei quando o pessoal xingou e até bati palmas pros gols, rindo da comemoração exacerbada do pessoal que estava comigo,portanto não nego a diversão que a copa pode proporcionar, mas daí a discutir jogadores de paises obscuros já é outra história...
ResponderExcluirClaro que tenho minhas preferências! O Gaga além de escrever muito bem tem uma boa variedade de temas e escreve bastante, sempre surpreendendo de uma forma boa!
Cuidem-se!
Vou confessar/desabafar.
ResponderExcluirEu comemoro os gols do Brasil mais porque as pessoas ficam felizes. É engraçado, mas eu não consigo me identificar, criar um elo muito forte entre mim e a seleção brasileira, tão forte quanto o elo entre mim e, por exemplo, o Corinthians.
Quando o Corinthians ganha, eu grito até ficar rouco. Quando o Brasil ganha, eu bato umas palmas, faço um social e pronto.
Existem então algumas hipóteses que levantei que expliquem isso e algumas teorias do que deixaria eu louco pela copa do mundo.
Hipótese 1. Eu não tenho pátria (hehe piadinha)
Hipótese 2. Esse time do Brasil é chato, insosso e não tem jogadores que realmente criem um sentimento forte de identificação por parte da torcida. (só o Nilmar, para o qual eu pago um pau porque dá raça)
Hipótese 3. Não tem ninguém pra xingar e se achar quando o Brasil ganha. (só se for no Twitter)
Aprimoramento 1. Achar uma pátria.
Aprimoramento 2. Por jogador decente e parar de mandar esses caras pra Europa.
Aprimoramento 3. Ir assistir a copa fora do Brasil ou com amigos oriundos da Argentina.
Alternativa 1, que resume todos os problemas anteriores. Virar Argentino.
Alternativa 2, que resume as Hipóteses 1,2 e 3; Aprimoramentos 1,2 e 3; e também a Alternativa 1. Transformar o Corinthians num país.
Bem, foram só algumas reflexões muito profundas, até a próxima!