Olá! Eu sou o Emannuel e os meus posts aqui no Irid's normalmente vão ser sobre cultura, ou talvez até trazer alguns contos e poemas, mas sempre buscando explorar o lado mais cultural do blog. A idéia é fazer disso aqui uma espécie de coluna, apesar de dificilmente eu poder garantir que ela será postada no mesmo dia todas as semanas. Vou tentar falar aqui sobre livros, filmes e, como é o caso dessa edição, também de música, não me importando nem um pouco se com novidades ou velharias, o intento é fazer com que você, leitor, se interesse, e não faz sentido se isso for focado apenas naquilo que é novo. Muito provavelmente você vai logo perceber que esse objetivo não vai ser seguido à risca, e muitas vezes os posts vão ser muito mais divagações minhas do que qualquer outra coisa. O nome da coluna é provisório, mas caso fique já vou aproveitar a chance para dizer que foi baseado na banda Móveis Coloniais de Acaju, que, na verdade, não é nem uma das minhas bandas preferidas, mas gostei bastante da expressão e acho que se encaixa com o objetivo da coluna. Pra ser sincero simplesmente não pensei em nada melhor no momento de postar. Mas vamos ao que interessa.
Na década de oitenta o rock teve de encarar o surgimento do synth-pop, aquele gênero musical que sempre que um de nós escuta fala, quase que com total certeza, tratar-se de uma música dos anos 80. No entanto, em paralelo a esse estilo também nessa década ocorreu um desenvolvimento do gênero post-punk, que ficou mais restrito ao underground, sendo esse o real surgimento da música indie - de independente, não do estilo que hoje é bem conhecido - e, dentre todas as bandas que estavam nesse contexto talvez nenhuma tenha adquirido um status tão cult quanto a banda inglesa The Smiths. A banda tinha um estilo peculiar, um vocalista no mínimo exótico e arranjos de guitarra divinos, mas o que realmente fez com que ela ganhasse um culto foi, sem dúvida, suas letras que falavam sobre a vida e o mundo com um ponto de vista que ficava entre o derrotista e o depressivo, o que primeiramente pode parecer depreciativo mas que era ponderado com maestria, distanciando-se do ridículo como aconteceria anos depois com o movimento(?) emo. Além disso a banda abordava temas muito mais amplos, indo de política até uma fase de vegetarianismo radical, quando lançaram discos como Meat Is Murde. Letras da banda eram escritas por dois grandes músicos: Johnny Marr, que depois do fim da banda passou a figurar temporariamente em várias outras com sua guitarra marcante, como faz até hoje; e Morrissey. E é exatamente sobre Morrissey que quero falar hoje, ou melhor, sobre seu disco de Greatest Hits, lançado em 2008, e que foi o primeiro que escutei da carreira solo do rapaz, pra não dizer do tio. As duas primeiras músicas do álbum, First of the gang to die e In the future when all's well lembram muito as que o cantor compunha no tempo de The Smiths, o que não que dizer que não sejam boas, mas inicialmente me fizeram pensar que o fim da banda não tinha mudado muito o som dele, ledo engano. Na terceira música, I Just want see the boy happy já mostra que as coisas não vão ser bem assim, mostra algumas diferenças, já que é arriscado falar em evolução nesse caso. Com Irish Blood, English heart podemos perceber claramente que ali não é mais o
The Smiths mas sim Morrissey em sua carreira solo, uma bela música que fala sobre os conflitos na Irlanda do Norte, cheia de critica à situação. Mas então o disco descamba: uma série de músicas que vai até o final e se inicia com You Have Killed Me, talvez a minha preferida no álbum, e que indiscutivelmente traz influência da banda anterior do cantor mas com características próprias, inclusive um esquema de guitarras muito diferente do de Marr e que pessoalmente me agradou bastante por sua simplicidade e energia. Não se pode dizer que na carreira solo Morrissey consegue ser melhor do que com os Smiths, mas definitivamente não soa nada mal.***
OBS: Eu não sou um grande fã de futebol, nem mesmo na copa do mundo, período que parece ter uma certa magia e fazer com que mesmo aqueles que nunca tiveram paciência para ficar durante quase duas horas sentados assistindo à batalha entre dois times para colocar a dita bola na rede do adversário acompanhem os resultados de uma profusão de jogos e torça de forma acalorada por seu país. De forma alguma critico essa atitude, eu mesmo acabo me informando sobre os tais jogos da copa porque afinal de contas em época de copa não existe falta de assunto, é só virar pro desconhecido ao seu lado e falar "e esse jogo ein?" para que a conversa seja entabulada como se os dois fossem ótimos amigos numa mesa de bar. Mas o fato é que essa copa da África do Sul trouxe novidades no quesito torcida fanática. Se você não sabe do que eu estou falando, caro leitor, consulte aquela que sabe de todas as coisas, mas não merece confiança alguma, a Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Vuvuzela
Sim, sim, meu caro, tudo isso pra falar da maldita vuvuzela. Eu poderia dizer que não existe razão pra que chamemos o tal aparelho por esse nome, afinal nós temos uma palavra que serve muito bem: corneta; mas não vou fazer isso, estrangeirismos enriquecem a linguagem, apesar de não acreditar muito nos que dizem existir uma diferença muito grande entre a nossa tradicional corneta e a tal da vuvuzela. Mas, se você der uma olhada perspicaz no assunto vai perceber que o motivo é outro. Vuvuzela é uma palavra engraçada, daquelas que grudam na sua cabeça feito chiclete no cabelo, por mais que os comediantes stand up já tenham percebido o potencial pornográfico da palavra. Em contrapartida corneta não é nada engraçada e não se precisa ser comediante para fazer algumas correlações.
Se você leu o oráculo deve ter percebido que todos temos motivos muito mais sólidos para não gostar do objeto, e se você já foi vitima de uma nas imediações do seu campo auditivo CERTAMENTE já percebeu. Torcer de uma forma alucinada que se aproxima à loucura é perdoável, deixar o coleguinha do lado zonzo por causa da sua "corneta" é pedir para que associações sejam feitas, e não necessariamente de palavras.
***
Espero que tenham gostado e até a próxima!
Emano, claro que você curte Smiths/Morrissey. É a sua cara! huahuahua
ResponderExcluirAcho que a minha favorita da carreira solo do Morrissey é "This World is Full of Crashing Bores" [acabei de descobrir que "crashing bores" significa pessoas muito chatas], não sei se tá na coletânea, procura no youtube qualquer coisa. Já não curto tanto quanto antes, passei dessa fase "whining" aí. =P
Abraços
Emano, claro que você curte Smiths/Morrissey. É a sua cara! [2]
ResponderExcluirEu passei um ou dois anos da minha adolescência ouvindo Smiths. Foi uma época mágica, sentimento à flor da pele.
Mas já não curto tanto quanto antes, passei dessa fase "whining" [2]
Quanto à vuvuzela: é chata, mas eu sentiria falta se deixasse de existir! :)
Abraço!